segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Apresentação do Anuário 2011

"Sem grandes novidades no front, como se costuma dizer, em relação ao mercado editorial para os gêneros fantásticos em 2011. O grande volume de lançamentos foi mantido, assim como tendências já destacadas em anos anteriores, como a muitos livros de fantasia para o público infantojuvenil, uma onda de livros sobre vampiros e lobisomens — redefinidos como fantasia urbana, dado o cenário mais contemporâneo das histórias e a sublimação do horror para um drama mais romantizado —, além de muitos livros de autores nacionais continuarem a ser lançados, especialmente por editoras pequenas ou vinculadas aos gêneros fantásticos.
O fato é que já estamos na segunda década do século XXI e entendemos que a fantasia, a ficção científica e o horror praticados no Brasil têm um espaço conquistado. Talvez não consolidado, mas ao menos vigorosamente praticado e publicado, mesmo que ainda à margem das grandes editoras estabelecidas, principalmente com relação à publicação de autores nacionais e obras mais recentes de qualidade, em especial na FC.
Ao publicarmos o Anuário pelo oitavo ano consecutivo, adquirimos experiência em analisar as características do mercado e das tendências temáticas. Nesse sentido, a conquista de um espaço de mercado mais seguro acaba por revelar algumas nuances de ano para ano. Entre elas, uma saudável edição de antologias de contos que traçam um panorama histórico, que procuram situar o gênero — no caso a FC — em um contexto que permite buscar uma identidade e referência de mais qualidade. Também temos a incorporação de tendências da FC&F internacional através da montagem de antologias e eventos a elas relacionados, em especial com
respeito ao subgênero steampunk e seus derivados. Talvez a FC se diferencie da fantasia e do horror por uma maior multiplicidade temática, pois seria menos homogênea por ainda não estar abraçada pelo mercado editorial, o que lhe permitiria experimentar mais. Já a republicação de clássicos e best-sellers também se mantém, mas esta seria uma característica mais relacionada ao mercado em si.
Em virtude da manutenção de tendências editoriais e da busca por maior refinamento crítico na análise literária, o Anuário apresenta duas novidades referentes a 2011. Não mais publicamos a lista completa (até onde isso foi possível) dos livros lançados durante o ano. Apesar de importante, era um trabalho extremamente desgastante, ainda mais quando realizado apenas por seus dois autores. E isto se deve principalmente ao fato do número de lançamentos ter aumentado de forma significativa ao longo dos anos. Nas edições de 2004 e 2005, por exemplo, listamos 144 e 163 livros, respectivamente. Já nos últimos dois anos, 2009 e 2010, os números saltaram para 475 e 889, em cada ano. Percebemos que o esforço em torno deste levantamento quantitativo poderia ser melhor aproveitado no investimento de mais análise crítica, outra marca distintiva desta publicação desde o seu surgimento.
Desta maneira realizamos amplas análises gerais do mercado editorial e do que foi publicado, com destaque para o que consideramos de maior interesse temático e literário. Cada um dos autores do Anuário realizou
sua própria análise, e o leitor perceberá algumas diferenças entre eles, o que só enriquece a publicação como um espaço pluralizado, embora concordemos nas conclusões principais sobre os estados dos gêneros fantásticos no país. A segunda inovação, que reforça este viés mais plural, é o convite a um resenhador convidado. Uma das críticas que sempre recebemos — em parte com razão — é a de que a quantidade de resenhas de livros lançados era insuficiente. Para suprir essa carência, nesta edição o crítico Jeremias Moranu empresta sua visão arguta e bem informada sobre vários livros lançados no ano passado, tornando a seção de resenhas bem mais robusta. No ano que vem teremos outro resenhador convidado, e assim por diante.
Já a “Personalidade do Ano” em 2011 foi o lendário editor Gumercindo Rocha Dorea, ainda em atividade aos 88 anos. Realizamos com ele uma entrevista importante e corajosa onde repassa sua trajetória editorial e política, das mais autênticas e polêmicas entre os intelectuais brasileiros.
As atrações deste Anuário não param por aí, conforme o leitor poderá conferir no sumário e folheando as páginas, ao direcionar a leitura para o seu interesse mais imediato. Esperamos, assim, que tenham mais uma vez em mãos uma valiosa fonte de referência e consulta, além de termômetro do estado dos gêneros no Brasil, tanto em termos quantitativos como, ainda mais a partir desta edição, em temos qualitativos.
Boa leitura e que tenhamos muito mais FC&F em 2012."
Os autores

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