quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Ultimato à Terra (The 27th Day, EUA, 1957)


Ficção científica bagaceira da década de 50 do século passado, dirigida por William Asher (mais conhecido pela série de TV “A Feiticeira”, 1964 / 1972). Situado dentro da temática de invasão alienígena e principalmente abordando a tensão da guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética, com a paranoia de destruição do planeta com bombas atômicas, com um sentimento constante de insegurança após o final da Segunda Guerra Mundial. “Ultimato à Terra” tem apenas 75 minutos de duração e fotografia em preto e branco, numa produção de baixo orçamento distribuída pela “Columbia Pictures”. O roteiro é de James Mantler, baseado em seu livro homônimo.
Um humanoide alienígena (Arnold Moss, um rosto conhecido em várias séries de TV da época) captura cinco pessoas aleatórias representando países diferentes como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, China e Rússia (identificado no filme apenas como sendo parte do bloco soviético conhecido como “Cortina de Ferro”). Eles são abduzidos para uma nave espacial em formato tradicional de disco e são considerados pelo extraterrestre como representantes da raça humana: o jornalista americano Jonathan Clark (Gene Barry, de “A Guerra dos Mundos”, 1953), a jovem inglesa Eve Wingate (Valerie French), o cientista alemão Dr. Klaus Bechner (George Voskovec), a chinesa Su Tan (Marie Tsien, não creditada e que não diz uma só palavra), e o soldado russo Ivan Godfsky (Azemat Janti).
Lá, cada um deles recebe um pequeno recipiente contendo três cápsulas com imenso poder de destruição, capaz de aniquilar a vida humana na Terra, mantendo os outros seres vivos e a natureza intactos. Apenas eles poderiam abrir suas respectivas caixas através de uma projeção mental e acionar as armas, que perderiam seus efeitos após 27 dias (daí o título original do filme). O desafio proposto pelo alienígena é que os portadores dessas armas de outro mundo consigam manter a paz nesse período, algo extremamente difícil uma vez que a história da humanidade é conhecida pelas constantes guerras e conflitos, e a ameaça do fim do mundo por uma catástrofe nuclear nunca esteve tão perto como no período da guerra fria. Caso a eliminação da vida humana de fato ocorresse, a Terra ficaria livre para ser habitada pelos avançados alienígenas, cuja civilização estava próxima da extinção por causa da explosão da estrela que mantém a vida em seu planeta natal. E o prazo para seu extermínio é de apenas 35 dias. Como eles eram impedidos de realizar a invasão à força por questões morais, a decisão foi testar a humanidade sobre sua capacidade de autodestruição.
Ultimato à Terra” faz parte do período dourado do cinema fantástico, aquele que abrange principalmente a década de 50 do século XX. São tantos filmes de horror e ficção científica sobre os mais variados temas que um trabalho de catalogação é uma tarefa bastante complexa. A maioria desses filmes foi produzida com orçamentos reduzidos e roteiros repletos de situações exageradamente absurdas ou excessivamente mirabolantes, e justamente a combinação dessas características é que proporciona uma esperada diversão descontraída. Neste filme em particular, percebemos que o alienígena e sua nave espacial são secundários, e o foco está nos conflitos da raça humana, dividida em dois blocos distintos: os países que defendem a liberdade e a “cortina de ferro”, com sua tirania. E o desafio é descobrir quem irá apertar primeiro o botão de acionamento da bomba atômica, ou acionar as armas das cápsulas alienígenas. Essa ideia acaba incomodando um pouco pelo imenso clichê que sempre coloca os americanos como mocinhos e os soviéticos como os vilões, e pela previsibilidade dos acontecimentos, onde sabemos sempre com grande antecedência o rumo das ações e principalmente o desfecho. O que seria da humanidade se não existissem os americanos para nos salvar?
Curiosamente, o disco voador fuleiro aparece pouco e foi editado do filme imediatamente anterior “A Invasão dos Discos Voadores” (Earth Vs. The Flying Saucers, 1956), de Fred F. Sears, também distribuído pela “Columbia”.
(Juvenatrix – 09/09/15)

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