segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

The Man and the Monster / El Hombre y el Monstruo (México, 1959, PB)


Entre o final da década de 1950 e meados da seguinte, o cinema de horror gótico mundial recebeu a significativa e valiosa contribuição de muitos filmes mexicanos produzidos e estrelados por Abel Salazar (1917 / 1995), como “O Morcego” (The Vampire / El Vampiro, 1957), a sequência “O Ataúde do Vampiro” (The Vampire´s Coffin / El Ataúd del Vampiro, 1958), “Black Pit of Dr. M” (Misterios de Ultratumba, 1959), “The Brainiac” (El Barón del Terror, 1962), “The Living Head” (La Cabeza Viviente, 1963) e “A Maldição da Chorona” (The Curse of the Crying Woman / La Maldicion de la Llorona, 1963), entre outros.
Em “The Man and the Monster” (El Hombre y el Monstruo), uma produção em preto e branco dirigida por Rafael Baledón a partir de roteiro de Alfredo Salazar, temos a história sinistra de um pianista, Samuel Magno (Enrique Rambal), que vive na pequena cidade mexicana de San José. Ele fez um pacto com o diabo para se tornar o melhor músico do mundo, satisfazendo sua ambição paranoica e eliminando a frustração de ser considerado sempre inferior em relação à rival, a pianista Alejandra (Martha Roth). Porém, como pagamento da dívida eterna, sempre que ele toca ao piano uma determinada partitura sobrenatural, se transforma fisicamente num monstro deformado e assassino violento, voltando ao normal apenas com a intervenção da mãe severa e rude, Cornelia (Ofelia Guilmáin).
Transtornado pela maldição que carrega, o pianista frustrado enfrenta uma terrível luta interna para não ceder à tentação de tocar o instrumento, enquanto exerce a função de professor para outra jovem pianista, Laura (também interpretada por Martha Roth). Para complicar a situação, o jornalista Ricardo Souto (Abel Salazar) surge para fazer uma reportagem sobre a moça como promessa de sucesso, e descobre o mistério que envolve a ocorrência de assassinatos brutais e o segredo do pianista amaldiçoado, apesar das dificuldades em convencer a polícia local sobre a verdade, através do oficial encarregado das investigações (José Chávez).   
A caracterização do monstro é bem bagaceira, típica do cinema de baixo orçamento daquele período mágico do cinema fantástico. Mas, a diversão está garantida, entre outras coisas, justamente por esse trabalho tosco de maquiagem, onde o rosto e mãos deformados do pianista após a transformação lembram um lobisomem selvagem à procura de vítimas. Outros fatores que merecem destaque são a constante atmosfera de horror gótico num casarão sombrio e elementos do roteiro que nos remetem a uma mistura de “Fausto” com “O Médico e o Monstro”. Em “Faust” (1926), do alemão F. W. Murnau, temos a referência com oo acordo do músico com o diabo com consequências trágicas, e na clássica história “Dr. Jekyll and Mr. Hyde”, de Robert Louis Stevenson, que teve várias versões para o cinema como as de 1932 e 1941, temos a transformação do protagonista em monstro sempre após tocar uma partitura específica amaldiçoada.
(Juvenatrix – 25/01/16)

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