sábado, 17 de dezembro de 2016

O Uivo da Bruxa (Cry of the Banshee, Inglaterra, 1970)


“No ouvido sobressaltado da noite, como eles gritam por seus temores! Aterrorizados demais para falar, a única coisa que podem fazer é choramingar, choramingar, fora do tom...” – Edgar Allan Poe

Baseado numa lenda irlandesa, “banshee” (do título original) é uma criatura sobrenatural invocada do inferno por magia negra, para executar uma vingança. “O Uivo da Bruxa” é um filme de horror gótico inglês da “American International Pictures” similar ao melhor estilo da produtora “Hammer”. Foi dirigido por Gordon Hessler em 1970 e tem na liderança do elenco o ícone eterno Vincent Price. Ele faz o papel do tirano inquisidor Lord Edward Whitman, que governa uma aldeia através da manipulação do medo, combatendo a bruxaria da época com julgamentos severos dos acusados e aplicação de penalidades violentas e dolorosas.
Ele persegue os seguidores de uma seita pagã, que realiza cultos na floresta e é liderada pela veterana Oona (a ucraniana Elizabeth Bergner). Muitos dos membros foram assassinados e em represália a bruxa convoca Satã para enviar um “banshee”, uma criatura sobrenatural que se apossa do corpo de um jovem, Roderick (Patrick Mower). O ser mitológico maligno então se vinga violentamente da família Whitman, formada ainda pela esposa infeliz do inquisidor, Lady Patricia (Essy Persson), e seus filhos Maureen (Hilary Heath), Harry (Carl Higg) e Sean (Stephan Chase).
Os moradores supersticiosos do vilarejo ouvem constantemente o uivo de um cão selvagem que aterroriza a região e mata as ovelhas, e sentem na pele as ações vingativas de um demônio invocado do inferno.
Em “O Uivo da Bruxa” temos uma história gótica com o tema de família amaldiçoada, enfrentando a fúria vingativa de uma criatura inumana. O roteiro de Tim Kelly e Christopher Wicking procura explorar a tensão constante do conturbado período de caça às bruxas na Europa do século XVI. Onde torturas dolorosas eram as punições comuns para obter confissões e delações, como podemos ver nas palavras de um inquisidor para uma mulher seguidora do culto pagão da “antiga religião”: “Podemos matá-la um minuto por dia durante um ano, ou tudo em um único minuto. Poupe-se da dor e diga-nos onde Oona está e prometo-lhe, você morrerá em paz.”
Vincent Price (1911 / 1993), um dos maiores e insuperáveis atores de horror de todos os tempos, repete o papel de um sádico tirano da Inquisição, assim como no filme anterior “O Caçador de Bruxas” (1968), Sua relação com o horror é tão sólida em incontáveis filmes preciosos para a história do gênero, que sua participação é a garantia do entretenimento.
O diretor alemão Gordon Hessler (1925 / 2014) tem no currículo filmes como “Embuste Diabólico” (1965), “O Ataúde do Morto Vivo” (1969) e “Grite, Grite Outra Vez” (1970), sendo os dois últimos também com Price.
Nos ataques do “banshee”, a criatura aparece pouco e seu visual é visto sempre rapidamente, numa aposta maior para a sugestão. Mas, ainda assim percebemos características que nos remetem para similaridades com lobisomens, em efeitos extremamente toscos de uma produção de baixo orçamento, garantindo a diversão dos apreciadores de cinema fantástico bagaceiro.

“Inglaterra no século XVI, uma época sombria e violenta. Bruxaria e os fantasmas da antiga religião ainda mantém o controle nas mentes das pessoas, preocupando tanto a Lei como a Igreja. Então quem pode ter certeza que isto é somente superstição primitiva e medo infantil?”

(Juvenatrix – 17/12/16)

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